terça-feira, agosto 15, 2006

NOSSOS FILMES REAIS






Crônica escrita pela professora Ana Lúcia Pintro
Foto realizada durante um passeio de estudos ao Rio Sangão

Nem sempre temos a certeza de que a vida é bela porque a medida que resolvemos os problemas pessoais e financeiros, surgem outros que nos fazem sentir o desejo incontrolável de que seria melhor estar em qualquer outro lugar do mundo.
Não é preciso ter uma mente brilhante para saber que a harmonia seria facilmente encontrada à beira de uma lagoa azul ou sentindo a magia das águas num dia chuvoso em que nos atrevemos a correr o risco duplo de ficarmos resfriados ou de sermos julgados como um louco ridículo, por não termos medo do mar em fúria.
De vez em quando criamos ou nos deparamos com algum tipo de Carandiru, lutamos com a destreza de um gladiador, temos que escolher entre dois amores, rezamos para sermos socorridos antes que o Titanic afunde, aproveitamos o que há de melhor no calor da noite, abraçamos as pessoas que são gente como a gente, damos o golpe de mestre que certamente derrubará o poderoso chefão que nos persegue incansavelmente. As carruagens de fogo em que embarcamos no decorrer de nossa existência abrem nossos olhos e preparam a nossa alma para que dentro dela pulse um coração valente capaz de enfrentar qualquer impacto profundo que machuque os sentimentos e despedace os sonhos construídos e zelados com imensurável respeito.
Muitas vezes somos como o homem sem face que não se doa para ajudar os pássaros feridos, que parecem mais um estranho no ninho do que donos dele, a acreditar que a liberdade é azul e não cinza. Há pessoas que não percebem o lado positivo da vida de inseto que levam e buscam ser felizes tentando imitar o pequeno Buda ou Gandhi, e infelizmente não conseguem mais do que criar alguns laços de ternura.
A vida não é uma história sem fim: em um inesperado dia os segredos da vida irão cometer um roubo quase perfeito e nos tirar o que temos de mais valioso. Não podemos nos esquecer que mesmo se fossemos como o homem bicentenário, o tempo passaria e não oportunizaria um retorno em caso de arrependimento.
Acho que fazemos parte da cidade dos homens para nos deitarmos numa cama macia e em voz alta, ler a história do menino e o vento, compreender Amadeus, quebrar o silêncio dos inocentes, estudar as ciências que ajudam a produzir o óleo de Lorenzo e acreditar que é nossa missão retirar os que estão perdidos na noite.
Talvez tenhamos que agradecer a Deus pela graça de ter nosso nome escrito na lista de Schindler e pedirmos orientação para aprendermos a ser como o habilidoso encantador de cavalos e fortificar a corrente do bem.

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